quinta-feira, dezembro 08, 2005

Excertos (83.167)

[167/2005]
A boa memória

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A onda de euforia que percorre a extrema-direita nacional não é a mera gratidão por ambicionados momentos de galhofa no café do bairro, tal como quando o nosso clube ganha um duelo com um arqui-rival. A profundeza emocional que a levará a fazer fila em Janeiro para votar CS é o miolo dos seus sorrisinhos de prazer antecipado. As velinhas acesas e o incensamento sebastianista. O espírito do vinte-e-quatro abrilista, ora em versão democraticamente eleita. Eu e tantos que afinal somos a razão da diferença, se tal lapa se nos colasse na lapela do casaco rapidamente a escovávamos como se de inestética e embaraçante caspa se tratasse. Cavaco Silva estende o seu silêncio também sobre esta mancha. Como se não houvesse apoios incómodos, se não houvesse votos que são ónus e não bónus. Silêncio que acuso de cúmplice pois há apoios que nunca se aceitam. Não se argumente que os grupelhos organizados ainda nada disseram oficialmente. Não é a mesma coisa que os burlescos esverdeados virem apoiar o camarada Jerónimo. Aqueles, os proto-fascistas, os de boa memória para quem fez bem aos seus, não elaboram previsíveis comunicados cúmplices que, a não acontecerem, fariam explodir de apoplexia senil os verdes balões de ar que adornam a visão pluralista do nosso mundo, versão janelas da rua Soeiro Pereira Gomes. Eles são mais discretos, mas estão presentes. Porque têm boa memória.

É preciso avivar a nossa, tal-qualmente. Recordar que o governo que atribuiu as pensões aos ex-pides foi o mesmo que a negou à viúva de Salgueiro Maia. Que os governos têm rosto e as mãos das assinaturas também o tiveram. Aníbal Cavaco e Silva.
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Carlos Gil
Blog Xicuembo